Do Tatame à Sala de Reuniões: Como o Aikido Moldou Minha Jornada no Empreendedorismo

Do Tatame à Sala de Reuniões: Como o Aikido Moldou Minha Jornada no Empreendedorismo

 

Por Mario Tetto – Fundador da Aikipro e 4º Dan de Aikido

Durante mais de 25 anos, vivi duas grandes escolas de formação: o tatame e o empreendedorismo.
Quando iniciei no Aikido, aos 20 e poucos anos, não imaginava que aqueles movimentos silenciosos e muitas vezes invisíveis seriam o alicerce para o desenvolvimento da minha carreira, das minhas conquistas profissionais e da minha capacidade de atravessar crises e recomeçar.

Com o tempo, percebi que os princípios do Aikido não pertencem apenas ao dojo: eles moldam a maneira como lideramos, decidimos e nos comportamos diante dos conflitos, dos desafios e das dificuldades.

Hoje, como Diretor da Aikipro, empresário, gestor de marketing e faixa preta 4º Dan, compartilho algumas lições que o Aikido imprimiu de forma profunda minha carreira e que acredito poderem servir a todos que buscam empreender com propósito e determinação.

Organizei para este artigo quatro reflexões sobre a relação do Aikido com a vida profissional que fizeram muito sentido para mim.
Divido agora com vocês! Boa leitura!


Princípio 1: Harmonizar-se antes de confrontar

No tatame, aprendemos a não resistir diretamente à força do outro.
Em vez disso, acolhemos o ataque, calculamos sua energia e transformamos sua direção.
Essa sabedoria, aplicada ao mundo corporativo, me entregou as maiores vitórias da minha vida, pois elas não vieram do confronto direto, mas da capacidade de entender as forças em jogo e harmonizar a tempo de criar novas estratégias e fluxos favoráveis. É menos sobre reagir ao que vem de fora, e mais sobre reconhecer quem você é por dentro.

No empreendedorismo, isso se traduziu na capacidade de absorver impactos sem perder o equilíbrio.
Ao longo da minha trajetória na Aikipro, aprendi que a resiliência tranquila — essa força interna que o Aikido cultiva — foi o que nos sustentou nos momentos mais críticos.

Em tempos de crise, é fácil ceder à agressividade ou à ação impulsiva. Mas esse caminho envolve riscos graves: bloqueia o raciocínio claro, gera a chamada visão de túnel — onde só conseguimos enxergar o perigo imediato — e nos impede de perceber novas possibilidades que estão surgindo.

Foi mantendo o centro firme e acolhendo a energia dos acontecimentos que conseguimos ampliar nossa visão, identificar oportunidades ocultas nas crises e adaptar nossas estratégias para superá-las.
Foi assim que resistimos à pandemia e seguimos firmes em nossa missão.


Princípio 2: O centro invisível é o verdadeiro poder

Costumo dizer que o "Centro Invisível", que observamos em grandes Mestres de Aikido, vem da combinação física, emocional e — por que não? — espiritual.
Quase imperceptível ao olhar externo.

Da mesma forma, nos negócios, o poder real está naquilo que não é visível imediatamente: a repetição silenciosa, o trabalho duro, o caráter moldado pelas escolhas diárias, a disciplina interna e o alinhamento de valores profundos.

Grandes projetos, grandes marcas, grandes equipes nascem e se sustentam por essas forças invisíveis — que se manifestam em grandes impactos, e que nem sempre podem ser explicadas de forma simples.

Assim como um Mestre de Aikido executa uma técnica de forma natural e intuitiva, não por mágica ou talento inato, mas porque treinou incontáveis vezes até enxergar com clareza aquilo que a maioria não vê, nós também podemos ampliar nossa capacidade de decisão e ação estratégica através da prática disciplinada na nossa vida profissional.

Quanto mais treinamos, mais claro se torna o caminho.
Quanto mais repetimos, mais natural parece a excelência.
No final, o que chamam de "sorte" é apenas disciplina aplicada com propósito.


Princípio 3: O treino difícil é o que mais ensina

Ao longo da minha trajetória, tanto no dojo quanto nos negócios, percebi que as maiores lições não vieram dos momentos de glória, mas dos grandes desafios que enfrentei.

Sejam eles externos — parceiros que me desafiaram, graduados que recorriam à força bruta, ou iniciantes que tentavam testar meus limites —, ou internos — nervosismo em exames, ansiedade, desânimo, dúvidas e outros sentimentos comuns a qualquer jornada.

Cada experiência no tatame me forçou a sair da zona de conforto e, pouco a pouco, foi forjando minha resiliência e minha atitude diante da vida.

No mundo empresarial, seja entre grandes negócios, contratos, responsabilidades, ou mesmo ao trabalhar com jovens profissionais, startups, novos colaboradores e clientes, aprendi que inovar só é possível dominando o básico.
E que a humildade de reconhecer nossas limitações é, na verdade, uma estratégia para ampliar nossas capacidades.


Princípio 4: Caminhar no próprio ritmo

No Aikido, não se acelera o aprendizado.
Cada queda, cada desequilíbrio, cada falha é parte inevitável do processo.
Da mesma forma, no mundo dos negócios, comparei-me muito com os outros — e sofri por isso.

Só depois de muitos anos entendi: para cada nova graduação, existe um tempo necessário.
O crescimento da Aikipro, a expansão para novos mercados, as campanhas bem-sucedidas (e as que falharam) foram construídas no ritmo que o Aikido me ensinou: validando cada etapa com o desenvolvimento de novas habilidades.

Hoje, incentivo todos os empreendedores que acompanho a respeitarem suas próprias jornadas — a honrarem o tempo de amadurecimento para cada nova fase, cada nova graduação — trazendo sempre entusiasmo, ousadia, coragem e disciplina para "treinar até se tornar".


Coragem para se expor

Assim como hesitamos antes de aplicar uma técnica nova no tatame, também hesitamos antes de nos expor no mundo dos negócios.
Medo de julgamento, medo de falhar.

Até mesmo a publicação de um artigo como este me fez reencontrar antigas hesitações.
Mas o Aikido me ensinou: a vitória pertence a quem se move, mesmo diante da dúvida.
Permanecer imóvel, paralisado pelo medo, é a única verdadeira derrota.

O Aikido nos ensina a integrar a energia do ataque em nosso próprio fluxo.
A insegurança merece o mesmo tratamento: integrá-la, transformá-la em combustível, e seguir adiante com equilíbrio.


Dividimos as mesmas aflições

Se você é empreendedor, gestor ou simplesmente alguém buscando mais propósito na vida profissional, saiba: os princípios que regem o Aikido não são exclusivos ao dojo.

Eles são um mapa eficiente para navegar os mares agitados do nosso tempo:
flexibilidade sem submissão,
firmeza sem rigidez,
iniciativa sem agressão.

E como dizia meu Sensei:

"A dúvida é o que nos permite avançar..."

O tatame me ensinou isso.
Agora é sua vez de absorver estes conceitos e potencializar suas habilidades.

 

Domo Arigato! 🥋